Monday, March 28, 2011

Glenn Ligon e Maira Kalman


Foram as duas exposições mais bacanas que vi esta semana aqui em Nova York.
Ele é um artista afro-americano que esbanja questionamentos com uma roupagem tão bonita que faz você se abrir para cada um deles. Aí, já viu: soco no estômago. Ela é bem menos pretenciosa e justamente em sua busca pela simplicidade nos faz refletir sobre o que há de mais complexo no mundo: da vida a morte.
Glenn Ligon está no Whitney e Maira Kalman no Jewish Museum.

Wednesday, March 16, 2011

Duas exposições, dois filmes e duas damas


Nova York é tão cheia de vida que bastam alguns dias sem escrever para deixar para trás uma porção de coisas que vi por aqui. Então vou deixa-las mesmo guardadas apenas na memória e registrar aqui apenas as mais recentes.
Para começar, duas exposições que conversam entre si e valem muito a pena. Na Gagosian Gallery do Upper East vimos Malevich and the American Legacy. Além do pintor que dá nome à mostra, os curadores reuniram artistas influenciados por ele. Descobrir Kazimir Malevich me ajudou a entender John Baldessari, Ad Reihardt, Alexander Calder e Sol Lewitt, entre outros. Precursor de uma arte não objetiva, em que a geometria representando o real nos faz enxergá-lo melhor que nossos olhos, o russo dizia ter escapado do ciclo das coisas, o que o levou à liberdade de não se ater a formas ou às regras da natureza.
Impossível não pensar nele numa outra exposição, igualmente bela e desafiadora. O Moma vestiu-se do papel de casa do expressionismo abstrato para montar uma das mostras mais completas já feitas sobre o tema. Estão todos lá. Velhos conhecidos, como Pollock e sua Lee Krasner, Willem de Kooning e Mark Rothko. Mas também aparecem em destaque obras que a gente não vê em todo canto. Adolph Gottlieb (com certeza muito fã de Malevich), Philip Guston, Barnett Newman e vários do Ad Reinhardt que, vocês já devem ter percebido, é o meu queridinho do momento.
Também passaram pela minha vida nesta última semana um clássico que eu nunca tinha visto, Bonnie and Clyde e um documentário do Albert Maysles que, como o diretor indica, é genial. Os dois estão instantâneos no Netflix, então para quem vive aqui, é mole ver. Bonnie and Clyde, além de música do Serge Gainsbourg é uma filmaço do Arthur Penn. Daqueles em que a gente ri de chorar, depois chora sem saber se é pelo mocinho ou pelo bandido. Aliás, quem é mesmo o bandido?
The Gates conta a intrépida luta de Christo e Jeanne-Claude para fazer aquela famosa instalação no Central Park, quando portais laranjas cobriram os caminhos do parque. Foram 26 anos gravados, desde o comecinho, pelos Maysles. Mesmo com a morte de David, Albert seguiu a empreitada para testemunhar a realização do sonho dos artistas. É demais. Valeu, Rodrigo, a recomendação! (Rodrigo é o tecladista da minha banda. Sim, eu tenho uma banda, mas isso é outra história).
Por fim, rapidinho, só para não deixar de dizer, me deparei, coincidentemente ou não, com duas damas complicadíssimas nas últimas semanas. Hannah Arendt era parte da leitura da Columbia e Susan Sontag caiu nas minhas mãos em um livro que vai ser lançado em abril. De Arendt, li "O que é autoridade", um ensaio que parece mais atual que nunca, nestes tempos de tirania e revoluções. De Sontag eu já havia lido outros ensaios. O último (que super recomendo) foi Ao mesmo tempo, uma sequência de socos no estômago. Mas o livro que dormiu na minha cabeceira esta semana, Sempre Susan (é esse o nome, mesmo em inglês), é uma memoir escrita pela ex-namorada de David, filho de Susan, que viveu na casa da escritora por um ano e meio. Mostra a Susan desmistificada: a péssima mãe, a boa amiga, a mulher esnobe e generosa, brilhante e implicante. Impossível não se envolver.