Hoje fui dormir pensando no jeito maluco de o tempo passar nesta nova vida. Outro dia estávamos em São Francisco e parece que foi há uns dois anos, tamanha a quantidade de coisas que se passaram de lá pra cá. Acho que já não sou mais a mesma. Definitivamente não sou mais a mesma, aliás. Os dias parecem passar voando, ao mesmo tempo em que o café da manhã de hoje parece ter sido tomado meses atrás. É muito esquisito. Pois hoje foi um desses dias em que, à noite, me perguntava: ué, mas isso foi hoje ainda? Logo cedo fomos tomar café no camping, no sistema incrível de panquecas à vontade por um dólar. Comprovamos o que desconfiávamos: as panquecas são tão grandes que nem aqueles americanos mais rechonchudos conseguem comer mais de duas. Ainda assim, está valendo o custo-benefício. Seguimos para um almoço com cara de quiosque da Lagoa. Cerveja e veggie burger a céu aberto, no charmoso Don's, na South Congress (minha avenida preferida na cidade, como vocês devem estar percebendo). De lá, seguindo a dica do panquequeiro do camping, Jersey, que virou nosso melhor amigo de infância, seguimos para o Zilker Park. Meu Deus, era o que faltava para a paixão por Austin virar um amor, sublime, amor. O lugar é lindo cheio de crianças brincando deibaixo do sol forte, mas ameno (só vindo aqui para entender), cachorros nadando na piscina de água natural e um monte de gente passeando de caiaque e canoa. Escolhemos a última opção e passamos uma hora de um lado pro outro, procurando - e encontrando - peixes e tartarugas no fundo do transparente rio Colorado.
E teve mais. Assim que o sol se pôs, seguimos para a ponte da Congress Avenue, também conhecida como ponte dos morcegos. Tem até um monumento para Robin nenhum botar defeito. Minutos antes do pôr-do-sol, o prometido aconteceu: uma revoada de milhares, milhares mesmo, de morcegos cortou o céu, já adornado pela lua cheia. Os bichos que passam o dia escondidos nos vãos da ponte saem à procura de alimento (insetos) pelos céus de Austin. Eles dizem que aqui está a maior colônia urbana de morcegos do mundo. Um espetáculo que não pensei que viveria para ver. Até porque não sabia existir. Depois de tudo isso, como explicar ao meu relógio biológico de que um dia tem apenas 24 horas?