Tuesday, March 30, 2010

Planeta Brasil on the road

Como o programa não passa no Brasil, resolvi pôr aqui no blog os que já foram ao ar e encontrei no Youtube (o de Tijuana é o mais recente e o NY X LA foi o primeiro). Espero opiniões!




NY X LA
bloco 1: http://www.youtube.com/watch?v=ViGU9yp0mCQ
bloco 2: http://www.youtube.com/watch?v=bjobxIajQXI

Dia 60 - (29/03) - Cidades e pessoas


Completamos hoje 60 dias de estrada com uma marca assustadora. Percorremos 6.808 milhas, equivalentes a 10.975 quilômetros. A média é de 182,5 km por dia. cada vez que o Chico faz essas contas eu me apavoro. Como é que a gente aguenta? Aguenta porque passa por cidades maravilhosas, conhece gente incrível e aprende tanto que mal dá para absorver. Acho que quando tudo terminar vou precisar de uns anos para entender a dimensão dessa aventura. Um dos benfeitores de hoje, que tornaram o dia bacana à beça, foi o professor Rosental Calmon Alves, que foi correspondente do JB aqui por muitos anos antes de virar titular da pasta de jornalismo internacional na Universidade do Texas em Austin. Esperto e divetido, contou histórias de vida e clamou os brasileiros a enisarem português a seus filhos. Nos contou, ainda, que invenções revolucionárias foram criadas aqui em Austin. Para mim. a principal delas é o Whole Foods, meu porto-seguro pela pátria do hot dog. Depois ainda descobrimos outro lado da cidade conversando com cinco brasileiros que trabalham em empresas de tecnologia (Austin é considerada o segundo Vale do Silício) e montaram uma banda (Austin é conhecida como a capital mundial da música ao vivo). A noite terminou com todos juntos imitando os comerciais da tv americana, comendo pizza com a mão.

Monday, March 29, 2010

Dia 59 - (28/03) - Vida de morcego



Hoje fui dormir pensando no jeito maluco de o tempo passar nesta nova vida. Outro dia estávamos em São Francisco e parece que foi há uns dois anos, tamanha a quantidade de coisas que se passaram de lá pra cá. Acho que já não sou mais a mesma. Definitivamente não sou mais a mesma, aliás. Os dias parecem passar voando, ao mesmo tempo em que o café da manhã de hoje parece ter sido tomado meses atrás. É muito esquisito. Pois hoje foi um desses dias em que, à noite, me perguntava: ué, mas isso foi hoje ainda? Logo cedo fomos tomar café no camping, no sistema incrível de panquecas à vontade por um dólar. Comprovamos o que desconfiávamos: as panquecas são tão grandes que nem aqueles americanos mais rechonchudos conseguem comer mais de duas. Ainda assim, está valendo o custo-benefício. Seguimos para um almoço com cara de quiosque da Lagoa. Cerveja e veggie burger a céu aberto, no charmoso Don's, na South Congress (minha avenida preferida na cidade, como vocês devem estar percebendo). De lá, seguindo a dica do panquequeiro do camping, Jersey, que virou nosso melhor amigo de infância, seguimos para o Zilker Park. Meu Deus, era o que faltava para a paixão por Austin virar um amor, sublime, amor. O lugar é lindo cheio de crianças brincando deibaixo do sol forte, mas ameno (só vindo aqui para entender), cachorros nadando na piscina de água natural e um monte de gente passeando de caiaque e canoa. Escolhemos a última opção e passamos uma hora de um lado pro outro, procurando - e encontrando - peixes e tartarugas no fundo do transparente rio Colorado.


E teve mais. Assim que o sol se pôs, seguimos para a ponte da Congress Avenue, também conhecida como ponte dos morcegos. Tem até um monumento para Robin nenhum botar defeito. Minutos antes do pôr-do-sol, o prometido aconteceu: uma revoada de milhares, milhares mesmo, de morcegos cortou o céu, já adornado pela lua cheia. Os bichos que passam o dia escondidos nos vãos da ponte saem à procura de alimento (insetos) pelos céus de Austin. Eles dizem que aqui está a maior colônia urbana de morcegos do mundo. Um espetáculo que não pensei que viveria para ver. Até porque não sabia existir. Depois de tudo isso, como explicar ao meu relógio biológico de que um dia tem apenas 24 horas?

Sunday, March 28, 2010

Dia 58 (27/03) - A capital do mundo



O que poderia ser apenas impressão, se confirmou hoje: Austin é uma cidade maravilhosa. Por vezes mal sabia se estava em Nova York ou São Francisco. Só mesmo o clima agradável para nos lembrar de que estávamos mesmo no coração do Texas. Outra diferença: aqui, ninguém pergunta de onde a gente é quando nos ouve conversando. Falam direto: "poxa, vocês são brasileiros, que legal!" Se orgulham de saber que falamos português, e mais, português do Brasil. A cidade não tem nada do lado bronco e pretencioso do estado. Não é à toa que dizem "keep Houston rich, keep Dallas pretencious e keep Austin weird". A esquisitice daqui faz a gente ter vontade de ficar. Hoje fomos lavar roupa, cortar o cabelo e logo depois seguimos para um almoço num italiano charmosérrimo na South Congress, uma espécie de Village daqui. Cheio de gente bonita e estilosa, onde a vaidade do bem faz tudo ficar mais interessante, o SoCo, como eles chamam, é cheio de bares e casas de show. Aqui a gente entende a fama de "capital mundial da música ao vivo" que a cidade carrega. Aproveitamos e vimos um show no tradicional Continental Club.


Era uma banda de country/ blues e as pessoas dançavam, como a gente vê nos filmes. Até chorei emocinada, vendo que o que há de mais bonito em ser texano continua vivo por aqui. Fechamos o passeio dando um pulo no Congresso, que exibe o maior capitólio do país (maior até que o de Washington). E é lindo. E faz sentido. E não parece apenas uma megalomania burra. Austin é texana no que isso tem de melhor. E é weird no que deve ser.


Dia 57 (26/03) - Gostinho do que vem por aí


Hoje acordamos cedo para trocar de camping. Sair do pesadelo em que estávamos e vir para um lugar onde até panquecas à vontade são oferecidas no café da manhã (por um dólar, acredite!) foi um jeito bacana de começar o dia. Deu fôlego para a nossa primeira gravação. Conhecemos a Ana Bacana, que ganhou o apelido com justiça. Depois, um grupo de oito brasileiros se juntou para contar num bate-papo como é a vida aqui. Todo eles confirmaram minha impressão: é uma cidade diferente do resto do Texas. Progessista, livre, com manifestações artísticas em cada esquina. Me deu ainda mais vontade de conhecer quando a gente viu as paisagens no caminho. Um lago maravilhoso, onde as pessoas andavam de barquinho, árvores para todo lado, bares numa charmosa rua, a South Congress. Por lá, almoçamos e tomamos sorvete. O fim de semana promete.

Dia 56 (25/03) - Dallas X Austin


Era para ser o melhor dia dos últimos tempos. A viagem para Austin leva pouco mais de três horas, por isso conseguiríamos tirar a tarde para descansar. Quando chegamos ao camping, surpresa! Nem portão tinha! Era como um terreno, no meio da rua, sem banheiro, sem nada. Um terror! Até Pinduca parecia decepciondo. Fiz um almoço rápido, li mais um pouquinho do "Pops", sobre a vida de Louis Armstrong, e agora estamos esperando para a mudança. Amanhã cedinho vamos trocar de pouso. Faz parte.


Dia 55 (24/03) - Uma cidade com raiva. E vergonha.


Se as cidades têm mesmo alma, a alma de Dallas deve ser meio envergonhada. A cidade é uma das mais reacionárias dos Estados Unidos. Curral eleitoral de republicanos, foi palco do assassiato de Kennedy, entre outros episódios em que o ódio fala mais alto que a liberdade. Estava bem desanimada, mas o encontro com a Luciana, uma brasileira que está aqui há mais de dez anos, me deu novo fôlego. Ela é apaixonada por Dallas e fazia graça de todos os problemas. A urbanização excessiva? "Ah, aqui um avião passa pelo céu a cada 50 segundos. Não é o máximo?". O clima esquisito? "Se você não gosta, espera cinco minutos que muda!". de fato, o bom humor da Lu me fez acreditar que Dallas pode ter seu charme. Também me animou conhecer o Robert, um texano que foge de qualquer padrão. Filho de uma brasileira, aos 42 anos, quando se tornou pai, decidiu aprender a língua para ensinar à filha, coisa que muitos brasileiros da gema deixam de fazer. Brunssen entende tudo o que dizemos, e responde com um sorriso a cada galanteio em português. Mas foi só a gente terminar as gravações e seguir para o Museu JFK para lembrar a aura esquisita da cidade. A gente vê até a janela de onde Oswald teria atirado no então presidente (é esta que aparece na foto ao lado, no sexto andar do que era um depósito de livros). Teria. Até porque, no próprio museu, todas as hipóteses de conspiração são lembradas. A história é terrível e deixa a gente com vergonha da cidade. Mas reunir tudo isso num museu e convidar o público a lembrar também das suas derrotas faz de Dallas, pelo menos, uma cidade com vergonha na cara.

Dia 54 (23/03) - Raio, Silver


Tinha tudo para ser um dia cansativo, esgotante. Duas horas de carro até a fazenda de um cowboy brasileiro que vive no Texas há seis anos. Chegando lá, contar a história de uma pessoa que vive de derrubar animais, uma coisa que abomino. Rodrigues e Renata, no entando, puseram por terra todas as nossas expectativas. O casal é bacana à beça. Ele é veterinário, apaixonado por animais. Ela, dentista, mais apaixonada ainda. Na casa vivem os dois e mais sete cachorros, uma gata folgada (fora os que ficam do lado de fora) e uma porção de cavalos, vacas, bezerros. Renata também não gosta de rodeios. Raramente vai ver o marido. É vegetariana e cobre os olhos cada vez que Rodrigues leça um bezerro. Ele diz que faz tudo com o maior cuidado, que aprendeu na veterinária como não machucar os animais. Os dois prepararam uma mesa daquelas de café da roça mesmo, com pães, sucos, biscoitos, bolo de laranja e mousse de maracujá. Tudo maravilhoso. O rancho tem um pôr do sol diferente dos que vemos na cidade, com o horizonte todo aberto, deixando a luz morrer com uma calma que da vontade de se espreguiçar. Continuo detestando rodeios, mas virei fã do casal.

Dia 53 (22/03) - Jardim das águas


Hoje Francisco fez as contas. Já rodamos quase 10 mil quilômetros e subimos nossa média para pouco mais de 180 quilômetros por dia. E hoje, acho que a gente deve ter subido ainda mais. Fomos até Fort Worth, uma cidade perto de Dallas, onde o faroste impera. Saloons ainda funcionam, uma arena de rodeios está fincada no coração da cidade e cowboys dividem espaço com os carros. Ainda tem uma das fontes mais interessantes que já vi. O Water Gardens é um jardim gigante com várias quedas d'água em que você caminha. É como se fosse uma grande escadaria, com água vindo de todos os lados, e a gente se põe lá, no meio. É para budista nenhum botar defeito. De lá, corremos para Plano, do outro lado de Dallas, para conhecer um casal de iranianos que todo mundo acha que são brasileiros. Os dois viveram em Goiás por 18 anos e sonham com o dia em que vão voltar para lá, lugar que eles já chamam de casa. Até pastel de feira eles fizeram para nos receber. Juro que se no fim desta viagem eu ainda tiver cintura, vou comemorar com um churrascão. De vegetais, claro.

Sunday, March 21, 2010

Dia 52 (21/03) - Família texana


O domingo de tempo ruim foi como manda o figurino: com almoço em família. Léo é meu primo de segundo grau, por parte de mãe, e mora em Dallas há três anos com a mulher americana (que fala português perfeitamente, já que eles moraram no Brasil doze anos antes de vir para cá) e os três filhos, Micaela, Nicolas e Milena (o Nicholas não saiu na foto porque ficou com medo do frio e preferiu ficar no carro). É incrível pensar que às vezes você fique mais próximo de parentes distantes quando está longe de casa. O Léo eu nem me lembro de quando vi pela última vez. Ele também só lembrava de mim pequenininha e do casamento dos meus pais! Foi um almoço divertido, num rodízio de pizza, com as crianças super felizes. À noite, uma surpresa. Voltamos à mesma ópera de ontem, desta vez para ver o Sowetto Gospel Chorus. O grupo de sul-africanos poderosos, com roupas coloridas e vozes arrepiantes cantou em onze idiomas da terra natal e ainda incluiu Paul Simon no repértorio. Maravilhoso. Pelo menos hoje, Dallas sorriu pra mim.

Dia 51 (20/03) - O menor estado americano

É chato quando, depois de conhecer tanto lugares incríveis, a gente se desaponta com algum. Espero que seja uma primeira impressão equivocada, mas até agora estou bem decepcionada com o Texas. As paisagens são mesmo bonitas, mas, como já havia lido, as pessoas têm uma mania de grandeza um tanto desagradável. Começa no trânsito, com motoristas agressivos e, ouso dizer, implicantes. Sabe aquela galera que cola na sua traseira antes de ultrapassar? Aqui isso é regra. Faz os motoristas cariocas parecerem anjinhos. Ontem resolvemos ir ao cinema, finalmente, ver Hurt Locker (que eu adorei, aliás). As pessoas corriam para entrar na fila antes da gente e pareciam não fazer a menor questão da nossa presença. Seguimos para um concerto no AT&T Center for the performing arts. Eu tinha lido que o lugar era um forte concorrente ao Lincoln Center, que tinha uma estrutura incrível e tal. Pois bem, chegando lá, antes da apresentação, o cara fez um discurso enorme em que repetiu, quatro vezes, que estávamos no melhor palco do mundo, e que este palco não ficava em Paris ou NY, mas na melhor cidade do mundo, Dallas. Sabe por que Dallas nunca será NY? Por causa de senhores como esse, com um pensamento tacanho que os leva a achar que uma construção grandiosa - como um estado grandioso - basta. O que faz um palco é o artista, assim como o que faz um lugar são as pessoas. Uma pena uma cidade com tamanha estrutura, um estado com tanta riqueza se perder na sua própria grandiosidade. Nossa como eu estou brava! Tomara que até o fim da semana eu mude de idéia. Por enquanto, acho que quem mess with Texas, como eles gostam de dizer, são os próprios texanos.


Dia 50 (19/03) - Amarillo X Dallas


Acordamos cedo para mais um dia de estrada. Agora é Amarillo - Dallas, uma viagem longa, de quase sete horas. Foi muito cansativo, mas teve uma coisa especial: pela primeira vez Dindi saiu da mala durante uma viagem! É que sempre que pegamos a estrada ela se esconde numa malinha e só sai de lá quando o carro para. Dessa vez ela começou a miar, eu resolvi ver se convencia e deu certo! Ela andou pelo carro, lambeu Pinduca, pediu carinho ao Chico e parecia muito feliz durante todo o caminho. De quebra, quando paramos para almoçar num posto de gasolina no meio do nada no Texas, um brasileiro bateu no nosso vidro! Tiago faz faculdade em Wichita Falls, a umas duas horas de onde estávamos. Claro que gravamos com ele! Momento mágico!

Friday, March 19, 2010

Dia 49 (18/03) - Cadillac texano


Depois de uma semana maravilhosa no Novo México, hoje era dia de seguir viagem. Depois de tomar café com os tios e arrumar o RV para a estrada (tudo tem que ficar guardadinho, senão voa pelos ares), fomos para Amarillo, no Texas. Uma das viagens mais tranqüilas que fizemos, de pouco mais de cinco horas. Quase chegando ao camping, Chico viu um monte de carros afundados na terra do lado direito da estrada. Paramos e era o chamado Museu do Cadillac, uma maluquice que deu certo. Alguém teve a idéia de enfiar dez carros no meio do nada e deixá-los lá, pra que os próprios visitantes criassem suas obras. Pichadores se divertem e a gente não sabe bem se acredita no que vê. Vale a pena a parada.

Dia 48 (17/03) - Os mais antigos dos antigos


Hoje fomos filmar em Santa Fé. Passamos o dia com a Carol, brasileira que está há oito anos na cidade e, como trabalha em hotel, conhece tudo por lá. Primeiro passamos na região nova da cidade, mas não se engane! Nada de prédios modernos! É lei em Santa Fé: só se pode construir nos padrões pueblo, com cor de adobe e janelinhas coloridas. De lá, fomos à igreja de Guadalupe, uma prova da influência mexicana no estado. Aliás, em frente à igreja ficam vários grupos de imigrantes ilegais desempregados que, por ordem do governo, não devem ser importunados pela polícia. Os moradores da cidade já sabem que eles estão ali e, quando precisam de alguém para fazer pequenos serviços, passam no "escritório a céu aberto". Seguimos pela San Francisco Street caminhando, até chagr a Plaza Central e à Catedral de São Francisco, duas pérolas no coração da cidade. Carol ainda nos levou ao rio Santa Fé, só para contar a história de La Llorona, um fantasma que assombra os moradores. Uma das lendas da cidade de 400 anos.

Fechamos na Loretto Chappel, onde está a escada milagrosa, uma escada de madeira construída sem um prego sequer, que nenhum engenheiro consegue explicar. Dizem as freiras que lá viviam, que foi obra de um santo. Eu não sei, mas que é linda, é.

Dia 47 (16/03) - Trabalho, mas me divirto


Livres do problema da goteira, ainda tínhamos pela frente o alarme do carro. Instalamos em Novato, CA, mas ele nunca funcionou direito. Disparava sozinho e levava à loucura nossos pobres vizinhos de acampamento toda vez que a gente saía. O barbeiro de Novato disse que se a gente levasse o carro lá, consertaria o problema. Hein? E a gente a mais de 2 mil quilômetros dele! O jeito foi levar numa outra oficina, onde disseram que o problema era enorme, insolucionável e levaria um dia pra ser avaliado. OK. Deixamos a casa lá e continuamos na aconchegante casa da minha tia. Hoje, aliás, gravamos com ela e com uma amiga. Elas estão aqui já mais de vinte anos e têm muita história bacana para contar. Depois, gravamos com uma grupo animadíssimo de brasileiras que formaram a "Comunidade de Brasileiros no Novo México". Bolo de milho, piada suja e muitas gargalhadas! Uma noite ótima, que fechamos om chave de ouro indo jantar num indiano bom à beça.

Dia 46 (15/03) - Raízes do Novo México


Nosso primeiro dia de gravação em Abuquerque foi surpreendente. Primeiro porque, finalmente, conseguimos tempo para filmar com calma. Rodamos a cidade, fizemos imagens daquelas lindas casinhas de adobe com portas coloridas e seguimos para almoçar no The Frontier, um restaurante super tradicional daqui, aonde políticos famosos, como Al Gore, fazem questão de almoçar quando vem à cidade. É comida típica do Novo México mesmo (leia-se: comida mexicana com ainda mais pimenta), só que a gente paga e pega os pratos no balcão mesmo. Tudo bem simples, barato e delicioso. Depois fomos gravar na Universidade do Novo México com um grupo de violinistas brasileiros (um deles professor e os outros três, alunos do mestrado) super talentosos e com boas histórias para contar. Bacana ter certeza de que estamos muito além do samba e que jovens da nossa idade (ou até mais novos), ainda se interessam por música clássica. Quem acha que isso é coisa da antiga é ruim da cabeça ou doente do pé. Ah! No fim do dia vimos "Sweetgrass", outro documentário que vale muito a pena, no mesmo cineminha fofo a que fomos ontem. Filmão, com planos lindos e a bitter-sweet história dos últimos cowboys que levavam ovelhas entre as montanhas, na temporada de verão aqui no meio-oeste americano. Vale a pena.


Dia 45 (14/03) - Domingão de verdade

Meus tios compraram ingressos para a gente ver "Cabaret", no teatro da Univesidade do Novo México. Como a gente estava morrendo de vontade de ir ao cinema, acordamos cedo e pegamos a primeira sessão, uma da tarde. O filme, "The Dhamma brothers", falava da experiência dos presos de um presídio de segurança máxima no Alabama que foram submetids a um curso intensivo de meditação. Foi emocionante ver como cada um deles ia construindo uma relação diferente com toda aquela situação e com eles mesmos. Todos se diziam mais tolerantes, compreensivos. Visivelmente, eles tinham um olhar diferente. Deve ser mesmo poderoso para para pessoas que têm de passar a vida presas num mesmo lugar, poder descorir um templo em si mesmas, como prega o budismo. O mais louco foi perceber que em meio a tudo isso, a intolerância quase põe tudo a perder. O projeto chegou a ser abandonado por pressão de moradores da cidade (o Alabama fica no que eles chamam de cinturão da bíblia), que achavam ser absurdo usar o budismo dentro de uma instituição pública. Ainda bem que, pelo menos nesse caso,

Dia 44 (13/03) - Santa Fé


Sábado de folga e resolvemos ir a Santa Fé, a mais ou menos uma hora de Albuquerque. Lá, é como se a Old Town de Albuquerque se multiplicasse. Em vez de um quarteirão, uma área enorme de construções de adobe, diferentes de qualquer paisagem que houvesse em minha memória. Em Santa Fé se enfileram o prédio público mais antigo do país, a igreja mais antiga do país e a casa mais antiga do país. Santa Fé, aliás, é a capital mais antiga dos Estados Unidos. E tudo isso está logo ali, preservado.

Dia 43 (12/03) - Montanhas de melancia


Hoje Tia Bulete e Tio Donald tiraram o dia para nos levar à cidade antiga, ou Old Town de Albuquerque. O lugar é lindo, preservado, cheio de casas de adobe. Dizem que alguns anos atrás estava abandonado, cheio de pichações, mas a gente não viu nem sombra disso. O lugar é vivo, cheio de turistas, e com uma igreja fundada em 1706, linda, linda. Lá a gente começou a entender melhor o espírito desta terra encantada. O Novo México é um dos poucos estados americanos que não ganham "state" no apelido. É "land", ou melhor, "the land o enchantments". Um dos lugares que fazem jus ao nome é o Sandia Peak. O nome é mais uma das muitas influências hispânicas que a gente encontra por aqui. Sandia é melancia em espanhol e o morro, ao cair da tarde, fica da cor da fruta. E fica mesmo, sem exagero. Lá do alto a gente vê a cidade inteira e neva pra valer. Tem até estação de esqui. Entre os habitantes do Novo México há muitos native americans (é o estado com o maior número deles, proporcionalmente), muitos hispânicos (a fronteira com o México é logo ali) e alguns americanos brancos. Assim se compõe um estado colorido e cheio de desafios que não vejo a hora de enfrentar.

Dia 42 (11/03) - Davi e Golias

Aproveitamos a estadia na casa da minha tia para levar o RV pro conserto. Lembram que eu disse que ele estava com uma goteira no teto do quarto? Pois o super Tony, um mexicano simpático e cheio de tatuagens, deu conta do recado. O carro dormiu na oficina, mas ele ligou avisando que era mais simpes que parecia e tudo ficaria em ordem. Aproveitamos para ficar em casa, descansar, decupar algumas fitas e curtir a divertida amizade de Pinduca e Juca. O cachorro dos meus tios é umas cinco vezes o tamanho do Pinduca, mas o Davi dessa história é folgado à beça e não se cansava de provocar o pobre Juca. Mais um dia divertido.


Dia 41 (10/03) - Sedona X Albuquerque


Se a gente tinha alguma dúvida de que dirigir caminhão é difícil, mas a gente consegue, hoje elas terminaram. Na estrada de Sedona a Albuquerque foram seis horas de tudo o que se pode imaginar. Nevou feio na saída da cidade, choveu no meio do caminho, parte da estrada estava compltamente esburacada e em pista única, de dar inveja à BR 101. Dirigi no começo e, na hora em que torcamos o volante, pensei "poxa, o Chico se deu bem... Pior que isso, não fica". Mas o pobre ainda pegou trechos de neve com vento, uma temeridade. E a gente sobreviveu! Chegamos à Albuquerque no fim da tarde, com Tia Bulete e Tio Donald nos esperando com um jantar maravilhoso e um quarto lindo e quentinho. Foi nossa primeira noite em uma casa, desde que a jornada começou. É que como minha tia é uma das poucas pessoas da família que moram fora de Vitória, a gente quis aproveitar. Os dois são pessoas maravilhosas e cheias de assunto. Daí, fica tudo bem mais fácil. Ah! E como é bom tomar banho num banheiro de verdade, sem ninguém puxando assunto no box ao lado...

Wednesday, March 10, 2010

Dia 40 (09/03) - Frank Lloyd Wright e mais chuva!


Mais um dia em Sedona e mais um dia de chuva! Parece que nos pregaram um peça. A Carmen brasileira que trabalha aqui há dez anos e nos levou para um tour pela cidade, disse que aqui só chove 27 dias por ano. Pois parece que dessa vez, os 27 dias viraram um só! A gravação mais parecia uma videocassetada, com nós duas no meio de um chuva de granizo que depois virou neve e os guarda-chuvas pedindo pelamordedeus para serem deixados em paz. Passamos por um vórtex e depois pela igreja mais linda do mundo! Ela foi construida no meio de duas rochas vermelhas, inspirada no Frank Lloyd Wright. Moderna, iluminada e uma ótima pedida para um dia de chuva.

De lá, seguimos para Prescott, completando assim nosso passeio pelo coração do Arizona. Gravamos com um universitário brasileiros que, por ser bom de bola, ganhou bolsa integral para o curso de administração. Chegamos em casa acabados e ansiosos por mais uma troca de estado. Amanhã é Novo México!

Dia 39 (08/03) - Grand Canyon



Hoje foi o dia de realizar um sonho: visitar o Grand Canyon. Já não cabia em mim de expectativa, principalmente depois de ver canyons menores e já perder a noção do caminho de casa. Decidimos sair cedo para passar por uma estrda aalternativa, um trecho da legendária Route 66 e parar numa cidade de faroeste, Williams. Menos de dez minutos depois de sair, a neve começou a cair. Nesse momento estávamos cruzando a maior floresta de pinheiros do mundo, perto de Flagstaff. Isso significa uma paisagem que a gente acha que só existe na imaginação. Paramos várias vezes no caminho, para filmar, tirar fotos ou simplesmente rir alto, se sentindo a dupla mais sortuda do mundo. Chegamos a Williams, que parece cenário dos filmes do John Ford. O cara do nosso lado na mesa do almoço poderia ter matado o John Wayne fácil, fácil. E nesse clima, ainda achamos um brasileiros super bacana para fazer parte do programa. Gravamos com Murilo, que veio fazer intercâmbio no fim do mundo, como diz ele, há sete meses. Ele disse que no faroeste é difícil fazer amigos, mas estava firme e forte, aprendendo com a experiência e esperando a hora de voltar para o Brasil.


De lá seguimos para o Grand Canyon, onde faríamos um vôo com um piloto de heicóptero brasileiros. Por causa da neve, nenhuma aeronave decolou e o jeito foi conhecer por terra mesmo. É uma paisagem de tirar o fôlego, literalmente. Fiquei sem ar, sem saber para onde olhar. Voltei para casa me sentindo leve...

Dia 38 (07/03) - Sem Oscar e com infiltração


Choveu o dia inteiro e sem termos resolvido ainda a infiltração no quarto, o dia foi meio tomado pela tensão de ver a cama alagada mais uma vez. Tentamos passear de carro, ver algumas paisagens, mas o jeito foi mesmo passar o dia em casa. Filmes, faxina, cafuné nos bichos e um drma aà noite! não conseguimos fazer a tv fucionar o jeito foi ficar acompanhando o Oscar na cobertura minuto a minuto da internet. Isso em Sedona, de longe a pior conexão que já vi! Ninguém merece!

Dia 37 (06/03) - Sedona


Sedona fica a mais ou menos duas horas de Phoenix, por isso decidimos ir para lá no sábado mesmo. Chegamos, fizemos os hookups no camping mais cheio de exigências que já vi (cães que latem não serão tolerados, entre outras), e fomos conhecer a cidade. Sedona foi fundada em 1902, no meio de um canyon, por isso para onde você olha, vê pedras avermelhadas, riscadas com régua pelo vento, pela chuva, pelos rios. Cada pedra tem um nome e alguns delas são chamadas vórtex pelo pessoal mais místico. Eles dizem que nelas ha uma concentração de energia sem igual. De fato, estar em Sedona é uma experiência mística. A cidade tem mesmo qualquer coisa de inexplicável. Minha amiga Liz tentou me explicar uma vez, mas desistiu e finalizou dizendo: vá! É bem isso mesmo.
Resolvemos almoçar num restaurante típico. Mais uma experiênia única. De etrada, cactus fritos! Uma delícia, juro! Ainda tomamos margueritas feitas da flor do cactus e, por isso, num rosa choque sem igual. À tarde, resolvemos ter um momento de indulgência e nos enfiamos num spa para uma massagem diferente e revigorante. É que trataments de beleza são quase um ponto turístico do lugar. Pra fechar o dia cheio de novidades, vimos A Sigle Man no único cinema da cidade.

Saturday, March 6, 2010

Dia 36 (05/03) - Amor de índio


Ano passado fizemos um programa sobre amores interculturais. Havia uma brasileira casada com um londrino, uma com um canadense e a mistura entre portugueses e brasileiros em Newark, New Jersey. Sempre gostei do assunto. Pensei até em fazer o doutorado na Columbia tendo ele como tema, mas acabei deixando isso de lado quando o projeto do Planeta Brasil na estrada virou realidade. O curioso era que qundo eu perguntava o mais atraía essas pessoas no companheiro, o discurso era parecido: para os americanos, o lado bom do brasileiro era o apego à família. Para as brasileiras, os americanos eram pouco machistas. Aqui em Phoenix, no entanto, esbarramos numa história que eu jamais previra. Andrea é uma gaúcha que vive há doze anos no Arizona e é casada com um native american, ou seja, um indígena americano, da tribo apache. Tom é bem urbanizado, apesar de ter passado a infância na aldeia. Tem o inglês como primeira língua, mas fala português melhor que muito brasileiro, Apache? Bem, ele já não se lembra muito... Os pais ainda vivem na aldeia, eles comem comida apache sempre que possível (nós provamos o tal do fried bread e o indian taco, deliciosos), os filhos dormiram em bercinho apache e têm lindas caras de índio. Andrea diz que um aprende muito com o outro. Ele é tranquilo, simpático, mas reservado. Ela, mais falante aberta. E assim, eles vão se equilibrando. Uma coisa além das palavras chamou nossa atenção. A troca de olhares entre pai e filhos era poderosa. Bastava Tom virar de relance para os dois se calarem, subirem para o quarto ou fazerem bagunça. Eles sabiam direitinho qual era a ordem presente naquele olhar. Depois ainda passamos na Casa Brazil, uma fundação que hoje conta com mais de 50 voluntários (o Arizona tem mais ou menos 3 mil imigrantes brasileiros) que arrecadam verbas para mandar alimentos para o Brasil. E fechamos a noite comendo pizza e vendo a estréia de Alice no país das maravilhas em 3D. Phoenix já deixa saudades.

Friday, March 5, 2010

Dia 35 (04/03) - Top models


Há mais ou menos uma semana as meninas da assessoria de imprensa da Tv pediram que a gente enviasse fotos da viagem, com o motorhome de fundo. Como não conseguíamos tirar da equipa inteira (somos apenas dois, então rola um "me filma que eu te filmo"), resolveram chamar um fotógrafo que veio ao camping entre uma gravação bacana (com a Cristiane, que tem o desafio de criar uma filha com uma doença hematológica grave) e outra (com o Seu Bernando, conterrâneo capixaba de 108 anos - seguramente o imigrante mais velho do mundo). As duas entrevistas foram cheias de lições, mas nada foi tão engraçado quanto ver o Chico posando de modelo. Rolou mãozinha no bolso de tudo! Até Pinduca e Dindi entraram na onda.

Dia 34 (03/03) - Trem das cores


Se tem um lugar no mundo com franja da encosta cor de laranja, capim rosa-chá e cé de azul ímpar é o Arizona. Nunca pensei que pudesse ficar arrepiada simplesmente por ver uma paisagem, mas foi o que aconteceu no caminho de Las Vegas para cá. Pareciam jardins de cactos, mas daqueles grandões, de dez metros de altura, saídos do desenho do Pica-pau, ou de um filme do John Ford (vários, aliás, foram gravados aqui, inclusive The Searchers, que resolvemos ver assim que pisamos esta terra prometida). Quase oito horas de uma viagem linda. Paramos para almoçar no meio do caminho e, pela primeira vez, em vez dos restaurantes de beira de estrada, resolvemos comer no motorhome. Saladinha com panquecas e seguimos viagem. O caminho é tão longo que até o fuso mudou! Agora estamos a 4 horas do Brasil. Chegamos ao camping já à noite, mas deu para sentir que é um lugar especial.


Wednesday, March 3, 2010

Dia 33 (02/03) - Descobrindo a verdadeira Las Vegas


Nosso segundo dia de gravação foi um luxo! Guto, motorista de limosine, foi nos encontrar no camping. Chegou com a mulher, Cintia, que também já dirigiu carros de luxo em Las Vegas. Convidei os dois para lanchar em casa e o primeiro mico já veio na hora do cafezinho: não tinha açúcar. Busquei uns envelopinhos na recepção do camping e seguimos conversando bastante. Atualmente, Cintia trabalha distribuindo cartas em jogos de poquer e acabou nos revelando o mundo de pecados da Sin City. Todos os funcionários de cassinos são trenados e aprendem a contar cartas, como a gente vê nos filmes, para que possam identificar jogadores que usam isso para desfalcar os cassinos. Cada cassino tem o equivalente a um banco nos bastidores, porque os ganhadores têm de ser pagos na hora. Como contar tanto dinheiro? Os funcionários usam máscaras, para evitar inalar a grande quantidade de cocaína presente nas notas. E isso é só o começo. Decidimos passear pela cidade no carrão do Guto (nosso vizinhos de Rv pediram para tirar foto e tudo!). Guto nos contou das caronas que dá a milionários, Um deles chegou a deixar 100 mil dólares com ele, no banco de trás do carro, enquanto dava "um pulinho" dentro do cassino. Outro ofereceu uma grana para que ele fizesse sexo com a mulher dele, que tinha tara em limo driver. E por aí vai.

Para respirar de tudo isso, depois da última gravação, já bem tarde, fomos ver mais um Cirque du Soleil. Mystere é bem mais performático que Love. Lembra Saltimbanco e Alegria, deixa gente de boca aberta. E prontos para pegar a estrada para Phoenix, amanhã.

Dia 32 (01/03) - Dentro do Globo da morte


O primeiro dia de gravação em Las Vegas começou mostrando um pouco do que é a vida no mundo do entretenimento. Fomo a um circo, onde o brasileiros Neco faz espetáculos no Globo da Morte. Sempre foi meu número mais detestado no circo, aquele em que eu baixava a cabeça no colo da minha mãe. Só o barulho já me fazia tremer da cabeça aos pés. Pois hoje, não só vi o número inteiro (assustada, como sempre), como entrei no globo enquando Neco fazia acrobacias! Poxa, se eu sou capaz de dirigir um caminhão puxando um carro vou ficar com medo de uma motoca? Siiiiim!!! Nunca tremi tanto!

Mais desafiador que isso foi entender a vida daquelas pessoas. A trupe do circo normalmente nasceu sob a lona. É coisa de família. E tem mesmo que ser, para fazer tudo valer a pena. Primeiro desafio: eles moram em trailers. Se para a gente, que tem tempo determinado para a aventura, é uma barra, imagina passar a vida assim, sendo a casinha tem que ser dividida entre uma família inteira. No caso da Luciana, dançarina brasileira da mesma companhia, vivem ela, o marido e três filhos. Segundo desafio: é um mercado complicado, cheio de altos e baixos. Em época de crise, por exemplo, mal dá para pagar as contas. Terceiro desafio: vivendo sem endereço fixo, coisas básicas, como a educação das crianças, acabam tendo de ser negligenciadas. Os filhos da Luciana, por exemplo, fazem home school, mas já seguem os passos dos pais. Romarinho é malabarista. A do meio, contorcionista e o pequeno, ainda com cinco anos, por enquanto só corre de um lado pro outro. Tudo isso em nome de uma crença na arte e na genética. Todos eles falam no "sangue do circo" e tratam a gente como "pessoas da cidade". Com tanta coisa nova na cabeça, dormir, foi mais difícil que engolir facas.


Dia 31 (28/02) - À procura do caneiro de chifre longo


Depois da cara de caroço de caju do bartender, resolvemos procurar o que fazer em Vegas por conta própria. Estávamos de saco cheio de ver construções, prédios, hotéis, luzes de neon. Chico descobriu, num guia, o Red Rock Canyon, a 16 milhas de Vegas. Partimos para lá bem cedo e, caramba, que paisagem incrível! As pedras vermelhas se misturam a montanhas com neve no topo, formando um deserto muito peculiar. Não existe nem sombra de paisagem como essa no Brasil, por isso as coisas ganham um ar de ineditismo que deixa tudo ainda mais fascinante. O lugar foi um oceano em algum tempo muito remoto e dessa época restam apenas alguns laguinhos que são fonte de vida para os carneiros de chifre longo, que compõe a maior população dessa área onde não mora ninguém. Há placas por todo lugar avisando que os tais bichos estranhos vivem ali e no guia mesmo havia recomendações de que a gente tomasse cuidado com os furiosos. Mas no fim das contas, foi muito barulho por nada. Pegamos uma scenic drive que dura mais de duas horas e nem mesmo um carneirinho apareceu.

Saímos de lá às pressas para ver O Rei Leão, que não vi na Broadway, mas me havia sido recomendada por muita gente. Confesso que imaginar um teatro em que gente se evste de bicho me apavorava um pouco, mas nesta montagem eles fazem isso com uma elegância de tirar o fôlego. As músicas de Elton John deixam tudo ainda mais mágico. Parece que a gente está num sonho. E vocês não acreditam em que estava por lá, no cantinho do palco. O carneiro de chifre longo! Pelo menos por alguns instantes eu quis acreditar que aqueles atores eram de verdade para contar em casa que fiquei cara a cara com o bicho mais temido do deserto. Viva a Broadway!