Monday, January 10, 2011

De Messerchmidt a Norman Rockwell


Uma das coisas de que mais gosto nesta vida é ser surpreendida. Tem gente que se sente mal quando não conhece um artista, não ouviu uma música. Para mim, êxtase é não saber. Ter certeza da minha pequenice.
Semana passada a novidade veio na Neue Gallerie, uma preciosidade ao lado do Central Park que guarda alguns dos mais lindos quadros de Klimt e Schiele. Franz Xaver Messerschmidt influenciou vários artistas, mas para mim era um desconhecido. Foi Chico quem, vendo no jornal expressões esquisitas demais para um escultor do século 18, quis conhecê-lo. É claro que ele foi taxado de doido - e talvez tivesse mesmo uns parafusos a menos, ou a mais - mudou de cidade, morreu sem ser reconhecido. Mas até hoje o que ele faz é intrigante.
Messerschmidt chegava às expressões que viraram sua marca se beliscando. São todos auto-retratos, que ele desenhava após árduas horas em frente ao espelho.
A técnica foi repetida por diversos artistas. Mas em termos de processos, ninguém ganha de Norman Rockwell. O passo a passo das criações do gênio da capa do Saturday Evening Post é revelado na exposição em cartaz no Brooklyn Museum. O curioso é que descobrir que Rockwell projetava retratos na tela para dar origem a seus quadros, coisa que ele mesmo chama de "trapacear", não tira em nada a beleza da obra. Mais que um pintor, ele era um diretor, um cineasta apaixonado pelo humano. Usava vizinhos, parentes, amigos como modelos. Pedia a fotógrafos profissionais que registrassem o momento e depois usava partes diferentes de cada foto para chegar ao resultado final. Somos apresentados a um Rockwell humano como sua obra.
Assim, ele nos mostra que conhecimento é tolerância.

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