Wednesday, November 4, 2009

Vovô Bob é malucão...


Acontece. Fazer o quê? Fui ao teatro hoje, no BAM, que por si só vale o espetáculo. Ela a premiére de Quartett, com a Isabelle Huppert, dirigida pelo Robert Wilson. 
Antes do início, a presidente da Brooklyn Academy of Music e o diretor subiram ao palco. Ele emocionou-se ao dizer  que é bom estar em casa, já que é aquele palco o que mais recebeu montagens suas. O público já estava ganho.
Daí, entraram em cena atores maravilhosos (apesar de haverem cinco, era quase o monólogo da genial Huppert), a iluminação mais bem feita que eu já vi e um texto magistral do Heiner Muller. Perfeito, né? Pois dá pra acreditar que saí de lá como entrei? Desculpem-me, podem pensar que não entendi, mas pra mim, como deixei claro no post abaixo, arte é uma agonia e nada, nadica de nada, me aconteceu durante a encenação.
Meu único pensamento era no vovô na fila da ponta. Robert Wilson estava sentado na minha fileira e olhava atentamente cada movimento. Só o vi fazendo um comentário. No mais, olhos em cena. E eu pensando naquele velhinho fofo numa mesa grandona no jardim, rodeado de netinhos que descobriram as maluquices que o vovô punha no palco. Um devia cochichar pro outro "vovô Bob é doidinho"... E pra mim, a lição de arte da peça de hoje, foi: como é bom ver que a vanguarda envelhece, faz setenta, oitenta anos, e continua ali, atenta, com filhos, netos, vivendo, como eu, mortais ignorantes, que não entendi lhufas do que ele quis dizer. Se é que ele quis dizer.

No comments: