Sunday, May 9, 2010

Dia 101 (09/05) - Jardins cinzas


Seguindo mais conselhos do Bob, tivemos mais um dia de "local" aqui em Nova Orleans. Começou com um almoço ao som do Some like it hot, no Buffa's. O que mais me impressionou, no início, foi que a maioria dos integrantes da banda era mulher. Depois, fiquei surpresa com meu próprio chororô diante de um rapaz negro que estava em uma das mesas e levanto para cantar. Um só música e ele roubou a cena. Chico, que esta lendo A história social do jazz, disse que o Hobsbawn diz que o pior baterista negro era mil vezes melhor que o melhor entre os brancos europeus. Nos perguntamos por que, e respondi na hora: deve ser por isso; estou chorando com o cara. É a emoção. E Chico disse que também era assim que o historiador explicava: o jazz e a música da emoção.

Nosso dia ainda teria outras polêmicas. Vimos, no teatro, Grey Gardens. Sempre quis ver a peça porque não entendia como alguém poderia montar um documentário, ainda mais um tão duro e triste como esse dos irmãos Maysles. A resposta está na pobreza da montagem, que faz graça da desgraça dos outros. Triste é ver o pessoal sari do teatro como entrou, depois de uma história que, bem contada, é capaz de mudar vidas. Não sei qual foi a reação dos irmãos à adaptação, mas a minha foi a pior possível. Só serviu mesmo para a gente ter um debate rico na hora do café com pralines, sobre o papel do documentarista, do jornalista, do antropólogo. Bem, tudo sempre serve para alguma coisa...


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