Thursday, February 10, 2011

Nixon in China


Quando não entendo muito do assunto tenho uma dificuldade enorme de comentá-lo. Não consigo sair dando orelhada em terreno estranho. Mas gosto muito de ópera. É, não entendo nada, mas só pelo amor, já me sinto capaz de dar alguma opinião. E ontem, puxa, que ópera mais chata!
Nixon in China é bacana por ser moderna. Os fatos se passaram no início da década de 70, outro dia, se pensarmos que se trata se uma arte em que quase sempre estão retratadas histórias de, no mínimo, um século atrás. Até tentei me apegar a isso para aproveitar o programa, que me custou 20 dólares e quatro horas na fila do rush hour ticket. Mas não deu.
O elenco era fraco. O Nixon, tadinho, fazia um esforço tremendo para se fazer ouvir. Terminei ontem a biografia da Callas e lembrei na hora de espetáculos que ela cancelou por não ter voz. Ou pior, de outros em que ela pagou um baita mico, forçando a barra para cumprir contrato mesmo estando gripada. Pensei que fosse esse o problema do barítono, mas não. O bichinho devia estar nervoso, sei lá. Sei que foi uma tortura para quem estava ouvindo. A música também não contribuía para o bom desempenho dos cantores. As melodias eram pobres, às vezes mais parecia um rap que uma ópera.
Valeu mesmo pela experiência de ver como os americanos reagem frente a uma criação de um conterrâneo. Muitos foram embora antes do fim (viu como era chato?), mas a maioria resistiu até o final apenas para aplaudir John Adams. Em tempos de concorrência chinesa, todo nacionalismo é bem-vindo.

1 comment:

joãosampaio said...

Oi, Mila, o espetáculo também não me convenceu não...acho que o Adams ainda não tinha achado a mão para escrever ópera... e também não vi nada demais na montagem do Peter Sellars, que foi tão falada como símbolo de modernidade e coisas do tipo...Enfim, mas pelo menos é prova de que a ópera pode falar de questões atuais também, que é algo, de um jeito ou de outro, que ela sempre fez...beijos, joão