Monday, February 7, 2011

Solidão companheira


Semana incrível. Concerto no Carneggie Hall, mais doze vinis na coleção, visita maravilhosa em casa, passeio por torda a ilha (levando a visita), show no Jazz at Lincoln Center, exposição do Hopper, La Bohéme na Met, restaurantes incríveis com amigos incríveis, despedida da Aline, jantar na Aninha com direito a baralho com Joaninha.
Mas vou ser breve. La Bohéme foi frustrante. Não é a ópera mais bacana do mundo e, pela primeira vez, achei a montagem do Zefirelli meio datada. Não sei se é porque estou lendo a maravilhosa biografia da Maria Callas (que quando eu terminar, talvez amanhã, merecerá um post inteiro), mas fiquei meio exigente de uma semana para cá. Tudo bem que o segundo ato foi emocionante. Pela música, pela neve que caía lá fora e no palco, pela companhia do João. João é nossa visita maravilhosa. Conhece ópera e música clássica como poucos (pouquíssimos, aliás), e não nos fizemos de rogados ao aproveitar a presença dele para ver tudo o que queríamos com tradução simultânea.
Foi assim também no Carneggie Hall, quando ouvimos a orquestra de Cleveland tocar um vigoroso Wagner, um lírico Schumann e um tenaz Bartók. João explicou que tocar peças tão distintas é rotina entre novas orquestras que, na tentativa de encorajar patrocinadores, precisam mostrar serviço. Funcionou. Saímos de lá maravilhados. E tinha, ainda, uma Tiger Mom no assento da frente, fuzilando seus pequenos tigrinhos, com o olhar, a cara tosse. Os dois eram lindos. Imitavam o pianista no apoio de mãos. Espero que o azedume da mamãe não os afaste do amor pela música.
E teve o Hopper. Meu favorito entre os americanos, virou uma espécie de obsessão desde que cheguei à América. Quando morava em Paris, meu périplo por museus foi em vão. Não vi nada dele. Aqui, me esbaldei. Vi Hopper por onde passei: Los Angeles, Dallas, Cleveland, Pittsburgh e, o grand finale, em Chicago. Mas a maior coleção fica aqui pertinho e casa, no Whitney. Já tinha ido lá procurar meu objeto do desejo algumas vezes, mas a exposição que está em cartaz até abril é especial. Mostra o pintor ao lado de outros artistas de seu tempo. E a gente descobre que a solidão das telas não transborda para o profissional. De Stiegliz a Demuth, muitos dialogaram com ele. Foi revelador. E, para quem estiver em NY, o passeio vale ainda mais se combinado com a exposição de Charles de LeDray, no mesmo museu. Minimalismo, loucura, chamem como quiserem. Eu chamo de beleza.

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