Wednesday, September 2, 2009

Still walking


Acho que é mesmo uma coisa milenar. Do mesmo jeito que cozinham (com atenção aos menores detalhes, como disposição das semente de gergelim no arroz) , conversam (baixinho e delicadamente) ou caminham (com uma elegância que beira a doçura) , os japoneses fazem cinema.
Ontem vi "Still Walking", de Kore-eda Hirokazu. Expressivo, forte e belo como a bandeira japonesa. Não sei se é a força dos diálogos, a beleza da fotografia ou o olhar expressivo dos atores, mas o filme me invadiu de uma maneira brutal e singela. Como pode? 
Depois do cinema fui comer pizza com amigos, pra comemorar o aniversário da Josie. Na hora de explicar o filme que acabara de ver, não sabia bem o que dizer. Nenhum extra-terrestre caía na terra, não havia nada de engracado, nem mesmo um pai em conflito com a criação de um filho deficiente. Nadica de nada. Era apenas um drama familiar, uma história que poderia ser minha ou sua. E que talvez o seja. No filme, aparecem as mesmas escadarias e cachos de flores que já haviam feito tremer meu coração em "Nobody Knows". Acho até que a mãe desse filme é a irmã de "Still Walking". Preciso descobrir. E preciso também ver "After Life", que já movi pra primeiro, na minha lista da Netflix.
Confesso que depois de "Departures" pensei que dificilmente algum outro filme mexeria tanto comigo e me faria pensar que Kurosawa ganhou companhia à altura na prateleira dos clássicos japoneses. Pois não só tenho certeza disso, como acho que a beleza dessa meditação com diálogos e movimento vai permanecer no meu coração por muitos dias ainda. Ou talvez não saia dele nunca mais.

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