Monday, February 22, 2010

Dia 22 (19/02) - Ouro e Leite


No nosso primeiro dia de gravação em São Francisco, começamos cedo. Encontramos o Jurandir, um dos muitos taxistas brasileiros na cidade. Naquela coisa de um conta pro outro, que conta pra mais outro e por aí vai, vários goianos acabaram se mudando para cá para trabalhar dirigindo yellow cabs. O Jurandir chegou há quatro anos e tem uma coisa muito especial, difeente de muitos imigrantes. Jurandir quer fazer da vida na América mais que um bom jeito de ganhar dinheiro. Quer sair daqui um cara melhor. Por isso vai a shows, museus, tenta aprender inglês, conhecer a cidade, vê filmes. E, resultado disso tudo ou da vontade de ser isso tudo, é bom de papo. Jurandir nos levou a Twin Peaks, que eu não conhecia (confesso que achava que era subida demais e que não valeria a pena). São quase 230m de altura, muitas curvas e uma vista linda, linda.

De lá, fomos encontrar Danilo, Adália e Fátima, homossexuais que vivem aqui há mais de 30 anos. Falaram das lutas, do preconceito, contaram várias histórias de Harvey Milk (o Danilo chegou aqui um ano após a morte dele) e me deixaram ainda mais apaixonada pelo Castro, o bairro gay de São Francisco. Para mim, o mais interessante da conversa foi descobrir que existem tantos preconceitos e que, no fim das contas, todos eles são iguais. Adália, por exemplo, falou que sofre por ser brasileira, por ser imigrante, por ser negra, por ser lésbica. Mas que a dor de cada um deles é a mesma: a dor da não compreensão, da impossibilidade de escolher o que quer da vida, do olhar diferente. Sobre a proposition 8, por exemplo, ela disse: "eu nem quero casar, mas eu quero poder não querer casar." Anda fomos ver Shutter Island, do Scorcese, que acaba de estrar por aqui. Mais um dia de lições.


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